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Notícias | 2014-05-08

Sócia da Telles de Abreu em entrevista à revista Human sobre o recrutamento de estagiários.

© Copyright 2010 CorbisCorporationMariana Ferreira Martins, sócia da Telles de Abreu e Associados e uma das responsáveis pelo recrutamento de estagiários para a Sociedade, falou com a jornalista Ana Lenor Martins, da revista Human, sobre o recrutamento de estagiários para as sociedades de advogados. Leia aqui a entrevista integral.

 

 

«Os desafios profissionais numa sociedade de advogados.

A advocacia continua a ser uma área com grande procura, maior do que as necessidades do mercado. O portal «HUMANet» falou com Mariana Ferreira Martins, sócia da Telles de Abreu e Associados e uma das responsáveis pelo recrutamento de estagiários para o escritório de Lisboa, que partilhou os desafios inerentes ao trabalho numa sociedade de advogados e também as características que privilegiam no recrutamento dos estagiários e a progressão a que estes podem aspirar.

Por Ana Leonor Martins

O que procura uma sociedade de advogados, nos dias de hoje, no seu advogado estagiário?

Desde sempre, os escritórios de advogados procuram selecionar estagiários e advogados com uma sólida base em termos de conhecimentos técnicos. Contudo, nos últimos anos este processo tornou-se cada vez mais criterioso e exigente. Na verdade, muitas das características esperadas num advogado estagiário já o eram há 20 anos: um bom desempenho durante o curso, conhecimentos aprofundados em diversas áreas do direito, domínio irrepreensível das técnicas da escrita e da oralidade nas línguas portuguesa e inglesa e, cada vez mais, o conhecimento de outros idiomas. Ao mesmo tempo, toda a experiência profissional e todo o conhecimento da realidade do mercado de trabalho são valorizados.

E para além das competências técnicas, o que valorizam?

O conhecimento técnico deve ser combinado com fatores mais relacionados com a personalidade, como a integridade, a cortesia, a atitude positiva, o espírito empreendedor, o pensamento lógico, a atenção ao detalhe, o espírito de equipa e as indispensáveis flexibilidade e criatividade, competências-chave para poder manter um serviço de qualidade num mercado competitivo e dinâmico.

A advocacia continua a ser uma área com grande procura, maior do que as necessidades do mercado, o que faz com que haja muitos licenciados em «Direito» sem emprego. Com tantos candidatos para poucos lugares, como é feito o processo de triagem e seleção?

É verdade que nos últimos anos, com a estagnação do mercado empresarial provocada pela crise que atravessamos, assistimos, numa perspetiva geral, à diminuição das necessidades de recrutamento das sociedades, perante um número de finalistas de «Direito» que não baixou. Esta situação dá-nos a possibilidade de escolher entre um maior número de candidatos, e assim poder exigir mais competências, mas também nos confere a exigente tarefa da análise e triagem entre muitos 'curricula vitae', e conduzindo várias vezes à difícil tarefa da escolha entre perfis com grande qualidade técnica.

O que acha que torna a advocacia tão atraente para os jovens?


É uma profissão que faz parte do imaginário de muitos jovens, pelas imagens que os filmes e as séries de televisão passam da nossa profissão, onde evidenciam características como a aguerrida defesa da lei, uma vida dinâmica, a tensão nas salas de tribunal, etc. Mas a nossa rotina não passa só por ambientes formais ou audiências no tribunal. A advocacia envolve uma enorme preparação e um estudo apropriado para cada caso.

Quais os desafios inerentes ao trabalho numa sociedade de advogados?

São muitos os desafios para os quais os estagiários devem estar preparados. Alguns estão relacionados com a capacidade de prestar um serviço de elevado valor para o cliente, colocando em vantagem quem detém uma boa capacidade de trabalho e organização, assim como a aptidão para manter um bom relacionamento com os clientes. A juntar a estes desafios, estão as competências para o trabalho em equipa, muito importantes na Telles de Abreu, e onde são indispensáveis aptidões nas áreas de comunicação interpessoal, disciplina e gestão partilhada de projetos.

Acha que quando os jovens escolhem esta área, e mesmo quando terminam os cursos, têm consciência da exigência da profissão?

Eu quero acreditar que sim e aconselho a que antes de escolherem esta área que falem com alguém conhecido que já trabalhe como advogado. É uma profissão exigente, como muitas outras, e se não houver no jovem um genuíno interesse na profissão, mesmo que tenha um grande conhecimento do Direito, passados os primeiros anos facilmente fica esgotado.

E acredita que os estagiários saem preparados das faculdades para enfrentarem os desafios e a exigência do mercado profissional?


Não me parece que os estagiários saiam da faculdade preparados para o mercado de trabalho. Nas universidades portuguesas, o curso de «Direito» é lecionado maioritariamente numa vertente teórica, faltando por isso uma componente prática que só na fase de estágio é dada a conhecer aos estagiários. É exatamente por este motivo que o estágio acaba por se revelar uma escolha essencial, pois é este que vai dar aos candidatos a primeira visão prática do mundo do Direito.

Depois de selecionados os estagiários, como é feita a sua integração na empresa? Ou seja, como são acompanhados e o que se espera deles?

Durante o estágio, apostamos num acompanhamento personalizado e em formação técnica de excelência. Após a admissão, segue-se uma formação inicial de dois ou três meses, onde os estagiários terão oportunidade de conhecer as equipas e o funcionamento do escritório, seguida pela integração numa equipa, supervisionada por um sócio, onde terão contacto direto com os projetos da sociedade, durante aproximadamente 30 meses.

Qual é o percurso expectável de um advogado estagiário?

Depende muito de caso para caso, mas eu diria que, na grande maioria dos casos, o percurso terá sempre como objetivo a especialização numa determinada área através da integração numa equipa, depois de ter contacto com pelo menos duas ou três das áreas de atuação do escritório.

Que perspetivas de futuro pode ter um advogado estagiário ao entrar numa sociedade de advogados?

Na Telles de Abreu, admitimos apenas o número de estagiários que acreditamos poderem vir a integrar a nossa sociedade após o estágio. Valorizamos muito o momento da seleção, porque quando recrutamos um estagiário observamos características que o tornam apto para poder vir a integrar a sociedade após o estágio. O facto de estagiar connosco, com a possibilidade de crescer em contacto com a nossa realidade e inserido numa das nossas equipas, é uma vantagem, pois assim tem a oportunidade de conhecer os nossos clientes e criar pontes de relacionamento e confiança indispensáveis para a qualidade do trabalho que prestamos, onde a proximidade é um dos fatores de sucesso.

Aproximadamente, qual a percentagem de estagiários que permanece na empresa?

Sem grande rigor, uma vez que não disponho, neste momento, destes números, eu diria que cerca de 50% dos nossos estagiários terminam o estágio com uma avaliação francamente positiva e um convite para permanecer, como associados, na Telles de Abreu.

O que é preciso para chegarem a associados e depois, eventualmente, a sócios?

O reforço das nossas equipas depende das necessidades sentidas em cada momento nas diferentes áreas de prática. Para chegarem a associados será necessária uma avaliação muito boa do estágio desenvolvido e, consequentemente, a verificação e confirmação das características e dos princípios que nos levaram à escolha no processo de seleção. O chegar a sócio já depende de muitos outros fatores, mais relacionados com a angariação, a rentabilidade, as competências técnicas específicas, a liderança, além de outras, que deverão ser demonstradas ao longo do percurso como associado.

Quanto tempo poderá demorar essa progressão?

Depende, uma vez mais, de caso para caso, mas eu diria que são necessários, no mínimo, 10 anos para a construção de uma carreira que possa originar um convite à socialidade na Telles de Abreu.

Resumidamente, que conselho dá a quem está agora a começar ou procura ingressar nesta profissão?

O primeiro conselho passa por iniciar o processo de seleção de um escritório de advogados onde realizar o estágio profissional durante o curso. Por isso, ao longo do curso deve procurar recolher informação sobre os escritórios e/ ou as sociedades de advogados e os respetivos processos de recrutamento e deve realizar estágios de verão. Para além deste estudo do mercado da advocacia, é obviamente essencial o estudo durante o curso, a realização de mestrados e/ ou pós-graduações. Por fim, aconselho a que conjuguem estas tarefas com uma boa e interessada vivência prática e com a preocupação da elaboração, desde cedo, da sua rede de contactos.»

(Portal Human, Maio 2014.)
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